Enquanto o Brasil registrou queda nos assassinatos em 2024, quatro estados destoaram da média nacional e viram os números da violência crescerem de forma preocupante. Ceará, Maranhão, Minas Gerais e São Paulo apresentaram aumento nas taxas de mortes violentas por 100 mil habitantes, segundo o Anuário da Segurança divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). As causas vão desde disputas entre facções até o avanço da letalidade policial.
De acordo com o levantamento, mortes violentas no Brasil incluem homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, além de mortes de policiais e aquelas cometidas por agentes do Estado.
No ranking nacional, o Ceará subiu do 5º para o 3º lugar entre os mais violentos do país. O Maranhão saltou da 12ª para a 6ª posição. Minas Gerais teve leve piora, passando do 24º para o 23º lugar. Já São Paulo manteve o posto de estado menos violento, embora com um aumento significativo nas mortes causadas por policiais, o que elevou o total de vítimas.
Dinâmicas regionais influenciam os dados
No Ceará, o avanço das mortes violentas está ligado ao confronto entre facções criminosas que disputam territórios em cidades estratégicas. Foram 308 assassinatos a mais em relação a 2023, além de três policiais mortos e 45 mortes causadas por policiais. O governo estadual afirma que reforçou o policiamento e adotou novas estratégias de inteligência para combater o problema.
Em Minas Gerais, o cenário inclui aumento de 164 assassinatos e 63 mortes por intervenção policial, movimento atribuído pelo FBSP à reação das corporações após a morte de um agente. A violência policial no estado foi a segunda que mais cresceu no Brasil, atrás apenas de São Paulo. Apesar disso, o governo mineiro sustenta que, em 2025, os índices vêm caindo.
No Maranhão, as autoridades registraram 218 homicídios a mais em um ano, com leve aumento nas mortes causadas por policiais. Assim como no Ceará, a principal explicação recai sobre os conflitos entre facções criminosas, que nos últimos anos passaram a disputar o controle de áreas urbanas no estado. O governo local diz que as ações integradas estão revertendo os índices em 2025.
São Paulo teve redução de 98 assassinatos em 2024, mas a letalidade policial explodiu: foram 309 mortes a mais causadas por agentes do Estado, além de três policiais mortos. A diretora do FBSP, Samira Bueno, alerta que esse fator isolado foi determinante para o aumento total das mortes violentas. A gestão estadual, por sua vez, informa que os dados de 2025 indicam queda nas mortes por intervenção policial e destaca que todos os casos são investigados.
Cenário preocupa especialistas
Para o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, as particularidades de cada estado explicam o aumento de forma localizada. Samira Bueno destaca que o crescimento das mortes por policiais em São Paulo teve peso direto no total. Em Minas, o fenômeno representa uma mudança de padrão, já que o estado historicamente apresentava baixas taxas de violência policial.
Nos estados do Nordeste, o avanço de grupos criminosos, especialmente facções ligadas ao Comando Vermelho, tem influenciado diretamente os indicadores. A presença dessas organizações em áreas antes menos violentas vem desafiando as políticas públicas locais.
Embora alguns governos apontem queda nos dados mais recentes, os números de 2024 servem como um sinal de alerta para os riscos de retrocesso no combate à violência. Especialistas defendem medidas integradas, com foco em inteligência, prevenção e responsabilização adequada das forças de segurança.