Uma planta amplamente usada para melhorar a qualidade do solo está no centro de uma tragédia que já matou mais de 200 cavalos em diferentes estados do país. A crotalária, conhecida como “adubo verde”, foi identificada como origem da contaminação de rações produzidas pela empresa Nutratta Nutrição Animal, localizada em Itumbiara (GO).
Substância tóxica afeta fígado dos animais e leva à morte rápida
Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), a ração continha alcaloide pirrolizidínico, especialmente a monocrotalina, substância altamente tóxica encontrada na crotalária. Em equinos, ela atinge principalmente o fígado, provocando necrose hepática severa. À medida que o animal se movimenta, a toxina armazenada em músculos e ossos é liberada, acelerando o agravamento do quadro clínico. Na maioria dos casos, a morte ocorre em poucas horas após o surgimento dos sintomas.
A crotalária é bastante comum em pastagens brasileiras e tem valor agronômico por sua capacidade de fixar nitrogênio no solo, o que melhora o desempenho de culturas como soja e milho.
No entanto, especialistas alertam: após esse processo, a planta precisa ser eliminada rapidamente. Isso porque, ao formar favas e sementes, ela se torna extremamente perigosa tanto para animais quanto para humanos.
Até o momento, o governo já confirmou 245 mortes em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas, e investiga casos na Bahia e em Goiás. É a primeira vez que a presença de monocrotalina é oficialmente detectada em ração para cavalos no Brasil.
O Ministério da Agricultura concluiu que a empresa Nutratta falhou no controle de qualidade da matéria-prima, permitindo a entrada da planta na composição da ração. Como resposta, a produção da empresa foi suspensa em 25 de junho. Uma decisão judicial posterior autorizou o retorno da fabricação de alimentos para vacas e ovelhas, mas a produção de ração para equinos continua proibida. O Ministério já informou que vai recorrer da decisão.