A Colossal Biosciences, empresa dos Estados Unidos especializada em projetos de engenharia genética, anunciou que pretende trazer de volta a moa gigante, ave extinta há cerca de seis séculos na Nova Zelândia. O animal, que podia ultrapassar três metros de altura, é considerado a maior ave terrestre de que se tem registro.
A proposta da empresa, divulgada nesta semana, consiste em reconstruir o DNA da espécie a partir de fósseis e, em seguida, editar o genoma de aves vivas próximas (como a ema) para criar indivíduos geneticamente semelhantes às moas originais. Esses animais seriam incubados e, caso cheguem à fase adulta, mantidos em espaços controlados de renaturalização.
Segundo a Colossal, o prazo estimado para alcançar esse resultado é de cinco a dez anos. O projeto está sendo desenvolvido em parceria com o Centro de Pesquisa Ngāi Tahu, da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, e recebeu um aporte de US$ 15 milhões. Um dos investidores é o cineasta Peter Jackson, diretor da trilogia “O Senhor dos Anéis”, que também é colecionador de fósseis da espécie extinta.
A moa gigante vivia na Nova Zelândia até ser extinta por volta do século 15, principalmente devido à caça excessiva após a chegada dos primeiros humanos. Sem asas e com dieta herbívora, era um dos símbolos da fauna local. Ainda hoje, registros arqueológicos e pinturas rupestres ajudam a reconstituir sua história.
Projeto divide opiniões entre cientistas e ambientalistas
Embora a iniciativa tenha despertado interesse na Nova Zelândia, inclusive entre representantes maori, especialistas internacionais demonstram cautela. O ecologista Stuart Pimm, da Universidade Duke, afirmou ao g1 que vê dificuldades técnicas e riscos ecológicos. Segundo ele, ainda não está claro se seria viável devolver esse tipo de animal à natureza sem causar novos impactos ambientais.
Outros pesquisadores apontam que projetos de “desextinção” podem desviar atenção e recursos de esforços urgentes de preservação de espécies ameaçadas atualmente. A Nova Zelândia, por exemplo, ainda enfrenta sérias perdas de biodiversidade por causa de espécies invasoras e da degradação de habitats nativos.
Apesar disso, a Colossal já realizou outros projetos de edição genética com foco em espécies extintas. Em abril de 2025, a empresa revelou a criação de três filhotes de “lobo-terrível”, espécie desaparecida há cerca de 10 mil anos, usando fragmentos de DNA recuperados de fósseis. Antes disso, em março, anunciou a produção de camundongos geneticamente modificados com pelos semelhantes aos dos antigos mamutes-lanosos.
A Colossal reforça que seus projetos têm fins científicos e que todas as etapas são realizadas com acompanhamento técnico. No entanto, o debate sobre os limites éticos, ecológicos e legais dessas iniciativas continua aberto.