Durante sua passagem pela Argentina para participar da Cúpula do Mercosul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou, nesta quarta-feira, 3, a ex-presidente Cristina Kirchner. Ela cumpre pena em regime domiciliar por condenações relacionadas a esquemas de corrupção. O encontro, que durou cerca de 50 minutos, ocorreu na residência de Cristina, em Buenos Aires, sob um forte esquema de segurança.
Reunião fora da agenda oficial ocorreu após cúpula do Mercosul
Lula chegou ao local acompanhado de batedores e assessores da comitiva presidencial. Na entrada e saída da visita, foi saudado por apoiadores da ex-presidente. Embora o momento não constasse da agenda oficial, a Justiça argentina havia autorizado previamente a visita, a pedido da defesa de Cristina.
Durante o encontro, que ocorreu após Lula assumir a presidência rotativa do Mercosul, ambos trataram de temas pessoais e políticos. Em junho, Lula já havia ligado para Kirchner após a Suprema Corte do país rejeitar um recurso da defesa, mantendo sua condenação.
Ainda segundo o petista, Cristina demonstrou firmeza diante do momento difícil. Por meio das redes sociais, ele afirmou que ela encara a situação com serenidade e determinação.
Cristina Kirchner foi condenada por corrupção
Cristina Kirchner foi sentenciada por chefiar um esquema que favorecia a empreiteira de Lázaro Báez. O empresário venceu dezenas de licitações durante os governos dela e de seu marido, Néstor Kirchner. Segundo as investigações, houve repasses de recursos públicos para o casal e empresas de familiares.
A ex-presidente nega as acusações. Ela alega que houve motivação política no julgamento e que o tribunal já havia definido sua condenação antes mesmo da análise das provas.
Apesar do histórico político comum entre Lula e Cristina, o atual presidente argentino, Javier Milei, não manteve encontros com o líder brasileiro. Mesmo com a presença de ambos na cúpula, não houve agenda bilateral. Até o momento, Lula e Milei não se reuniram oficialmente desde a posse do presidente argentino, em dezembro de 2023.
Brasil assume presidência rotativa do Mercosul
Na cúpula em Buenos Aires, o Brasil assumiu o comando rotativo do bloco sul-americano. Cada país lidera o Mercosul por um semestre, sendo responsável por coordenar negociações e definir prioridades. O encontro também marcou o anúncio do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a EFTA, bloco europeu com mais de 300 milhões de pessoas.
O governo brasileiro espera concluir, ainda em 2025, a assinatura formal desse tratado. Além disso, trabalha para finalizar as tratativas com a União Europeia, iniciadas há mais de duas décadas. Apesar do avanço, países como a França ainda resistem ao acordo, alegando que as exigências ambientais para produtores europeus são mais rígidas.
Por outro lado, países como a Espanha demonstram apoio à parceria. Lula defende que, diante das divergências, a França apresente alternativas viáveis para destravar as negociações. Enquanto isso, o Brasil continua buscando acordos comerciais que fortaleçam sua presença global.