A caçada ao adolescente que furtou R$ 30 milhões invadindo condomínios de luxo

Durante meses, câmeras de segurança em diferentes estados registraram um mesmo padrão: um adolescente bem vestido, tranquilo e com fones de ouvido atravessava portões de condomínios de luxo sem levantar suspeitas. O que parecia rotina de um jovem da alta classe escondia uma onda de furtos milionários. Ele foi apreendido em junho, após invadir mais de 40 apartamentos e causar prejuízo estimado em R$ 30 milhões.

Conforme a Polícia Civil de São Paulo, o adolescente começou a cometer crimes ainda aos 13 anos. Aos 14, já havia sido apreendido por arrombar o cofre da médica Ludhmila Hajjar. Após cumprir um ano e nove meses na Fundação Casa, voltou às ruas e às invasões, atuando principalmente em São Paulo, mas também em estados como Rio de Janeiro, Paraná e Goiás.

Disfarces, lábia e boa aparência: como funcionava o golpe

Segundo os investigadores, o jovem dominava a chamada “engenharia social”. Em diversas ocasiões, entrou nos prédios aproveitando o momento em que algum morador abria o portão. Em outras, acenava com naturalidade para porteiros ou dizia ser neto de algum residente. Quando era confrontado, inventava histórias com confiança e até ameaçava os funcionários: “Meu pai vai te mandar embora, você não me conhece?”.

Para reforçar o disfarce, usava roupas de grife, mochilas caras, perucas e até quipás. A atuação era tão convincente que, muitas vezes, entrava sozinho e sem nenhum obstáculo.

Mais do que acesso, o adolescente demonstrava organização. Já dentro dos apartamentos, era seletivo. Levava apenas joias, dólares, euros, relógios e dinheiro vivo, deixando para trás eletrônicos ou itens grandes. Em Foz do Iguaçu, por exemplo, furtou R$ 6 milhões em espécie e objetos de valor.

Mesmo com esse histórico, parte da rotina seguia como a de um jovem comum. Morava sozinho em um apartamento de alto padrão e circulava com um carro de luxo. A polícia afirma que ele repassava os itens roubados a interceptadores que ajudavam a escoar os produtos e esconder o dinheiro.

Após ser apreendido em 17 de junho, a expectativa é que ele fique internado até os 21 anos.