Os mercados globais amanheceram em alerta nesta sexta-feira, 13, refletindo os impactos imediatos do ataque de Israel ao Irã. O petróleo, principal termômetro geopolítico, disparou mais de 8% em meio ao risco de interrupções no abastecimento global, especialmente no estratégico Estreito de Ormuz — rota por onde passa cerca de 20% do petróleo consumido no mundo.
De acordo com dados da Bloomberg, o barril do tipo Brent subiu 8,28%, encerrando o dia a US$ 75,10. Já o WTI, referência nos Estados Unidos, avançou 8,69%, chegando a US$ 73,95. Ambos atingiram os maiores níveis desde janeiro, em uma das maiores altas diárias desde a eclosão da guerra na Ucrânia, em 2022.
Apesar da tensão, o fornecimento de petróleo pelo Estreito de Ormuz segue intacto. A dúvida que paira sobre os mercados agora é por quanto tempo essa estabilidade será mantida.
Mercado financeiro entra em modo de defesa
Com o acirramento do conflito, investidores abandonaram ações e migraram para ativos considerados mais seguros, como ouro, dólar e franco suíço. As bolsas asiáticas e europeias fecharam no vermelho, e os principais índices norte-americanos também recuaram, com exceção do setor de energia, que se beneficiou da alta do petróleo.
No Brasil, o Ibovespa operava em queda durante o dia, apesar do impulso nas ações da Petrobras. Já o dólar apresentou forte volatilidade, refletindo o nervosismo global.
O ouro, tradicional refúgio em tempos de incerteza, subiu 1,32%, cotado a US$ 3.431, reforçando o clima de aversão ao risco.
Analistas projetam cenário incerto
A principal preocupação, segundo analistas do JPMorgan, é um eventual fechamento do Estreito de Ormuz ou a reação de outros grandes produtores da região. Nesse cenário extremo, o barril de petróleo poderia ultrapassar a faixa dos US$ 120 a US$ 130, dobrando o preço atual.
Por ora, contudo, o mercado ainda acredita que uma guerra de maior escala pode ser evitada. “A alta do petróleo pode não durar além do fim de semana, caso a situação não escale ainda mais”, avalia Janiv Shah, da consultoria Rystad.
A Agência Internacional de Energia (AIE) anunciou que monitora de perto os desdobramentos e garantiu que o sistema global de segurança energética conta com mais de 1,2 bilhão de barris em reservas estratégicas.
Já a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) criticou qualquer discurso alarmista, afirmando que o uso das reservas deve ser cauteloso, para não agravar ainda mais a volatilidade do mercado.