O escândalo das apostas envolvendo o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, ganhou um novo capítulo nesta sexta-feira, 13, com a divulgação de um vídeo em que Douglas Ribeiro Pina Barcelos, um dos investigados, confessa que sabia previamente que o jogador tomaria um cartão amarelo em uma partida disputada contra o Santos, em 2023.
Barcelos é amigo do irmão do jogador e, segundo as investigações do Ministério Público do Distrito Federal, foi um dos que apostaram que Bruno Henrique seria advertido naquela partida. Em audiência realizada no dia 4 de junho, ele firmou um acordo de não persecução penal com o MP, no qual admitiu sua participação no esquema em troca de não ser processado criminalmente.
“Confirmo”, respondeu o apostador, ao ser questionado se reconhecia os fatos descritos na denúncia, que envolvem fraude e estelionato contra plataformas de apostas esportivas. A confissão foi feita durante uma audiência virtual com o Gaeco, braço do MP responsável por combater o crime organizado.
Entenda o caso e a participação de Bruno Henrique
De acordo com o MP, Bruno Henrique, que estava pendurado com dois cartões, teria informado ao irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, que forçaria uma advertência para poder cumprir suspensão diante do Fortaleza e ficar à disposição na rodada seguinte, contra o Palmeiras — adversário direto do Flamengo na disputa pelo título. Wander, por sua vez, teria repassado a informação a amigos próximos, que registraram apostas em plataformas digitais prevendo o cartão amarelo.
As autoridades identificaram nove pessoas que teriam se beneficiado da informação privilegiada. Barcelos foi o único a aceitar o acordo proposto pelo MP. Ele terá que prestar 360 horas de serviço comunitário e pagar multa de R$ 2.322,13. Caso se mude para o exterior, poderá quitar o valor com uma multa única de R$ 5.500, mediante comprovação de residência.
Os demais investigados, incluindo familiares e amigos do jogador, foram denunciados por estelionato e não aceitaram os acordos propostos. Entre eles, estão a esposa e a prima do irmão de Bruno Henrique, além de outros nomes apontados como membros do círculo íntimo de Wander.
Defesa alega perseguição e promete resposta firme
A defesa de Bruno Henrique rebateu a denúncia e classificou a medida do Ministério Público como “oportunista”, alegando que a acusação foi feita no mesmo dia em que foi divulgada a lista de inscritos do Flamengo no Super Mundial de Clubes da FIFA, que inclui o nome do jogador. Em nota, os advogados do atacante afirmaram que as acusações são infundadas e serão “imediatamente refutadas” no processo.
Bruno Henrique está nos Estados Unidos com a delegação do Flamengo, que se prepara para disputar o Mundial de Clubes a partir da próxima semana. A situação do jogador, no entanto, poderá gerar novos desdobramentos jurídicos e até desfalques em um momento decisivo da temporada.