Celsinho da Vila Vintém é preso no Rio após aliança com milícia e Comando Vermelho, diz polícia

Celso Luiz Rodrigues, conhecido como Celsinho da Vila Vintém, foi preso nesta quinta-feira, 8, em Padre Miguel, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Segundo a Polícia Civil, o veterano do tráfico se aliou ao Comando Vermelho e a milicianos para retomar territórios estratégicos. A prisão aconteceu durante operação conjunta das delegacias da Taquara e Roubos de Carga, com apoio da Subsecretaria de Inteligência.

A operação desta quinta-feira integra a ofensiva permanente chamada “Operação Contenção”, voltada a barrar o avanço territorial do Comando Vermelho na Zona Oeste. Celsinho, fundador da facção Amigos dos Amigos (ADA), estava em liberdade desde 2022 e usava a fachada de criador de porcos para continuar comandando ações criminosas.

As investigações revelaram uma articulação inédita: o traficante teria feito um acordo com Edgar Alves de Andrade, o Doca, chefe do CV, e com o miliciano André Costa Bastos, o Boto, para consolidar o controle da região de Curicica e adjacências. A aliança previa ocupações pacíficas, divisão de lucros e ações conjuntas — como a execução do miliciano Fábio Taca Bala, que se opôs ao avanço da ADA em áreas dominadas pela milícia.

A apuração começou em fevereiro, após a prisão de oito traficantes na Vila Sapê. Eles afirmaram ter sido enviados por Celsinho da Vila para tomar o controle da área, que até então era da milícia.

A tomada foi negociada com Boto, mesmo preso em presídio federal, que teria vendido o território à facção rival. A partir dessas prisões, a polícia descobriu que os três líderes atuavam em conjunto e compartilhavam armas, homens e estratégias.

Com base em depoimentos, interceptações e movimentações dentro do sistema prisional, o inquérito concluiu que Celsinho continuava no comando do tráfico e usava alianças para expandir o domínio da ADA. A polícia já solicitou o bloqueio de mais de R$ 6 bilhões em bens do Comando Vermelho.

Celsinho tem uma longa ficha criminal. Preso pela primeira vez em 1990, escapou da cadeia em 1998 vestido de policial. Foi recapturado em 2002 e passou anos no presídio federal de Porto Velho. Ele retornou ao Rio em 2017 e ganhou liberdade em 2022, após a Justiça questionar sua suposta ligação com a invasão da Rocinha naquele ano.