A Polícia Federal investiga o jogador Bruno Henrique, do Flamengo, por envolvimento em um possível esquema de apostas esportivas. Segundo documentos obtidos com exclusividade, o atleta teria fornecido informações privilegiadas ao irmão, Wander Nunes Pinto Junior. Essas informações, por sua vez, foram repassadas a um grupo de apostadores, incluindo parentes e amigos.
A investigação começou após três casas de apostas identificarem movimentações incomuns envolvendo o nome do atacante. As apostas estavam concentradas em um detalhe específico: o recebimento de cartão amarelo durante a partida entre Flamengo e Santos, realizada em novembro de 2023. Na ocasião, Bruno Henrique foi expulso após reclamar com o árbitro.
A denúncia foi encaminhada por uma associação internacional que monitora jogos e apostas. A partir daí, a PF passou a acompanhar os envolvidos. Em novembro do ano passado, foram realizadas buscas e apreensões em diversos endereços. Celulares e computadores recolhidos pela polícia ajudaram a traçar o caminho da fraude.
O relatório aponta trocas de mensagens entre Bruno Henrique e o irmão. Em uma delas, Wander pergunta se o jogador estava com dois cartões e pede para ser avisado quando forçaria o terceiro.
Bruno responde: “Contra o Santos”. Dias antes da partida, ele volta a falar com o irmão, reforçando o plano.
Além disso, a PF teve acesso a conversas entre Wander, os pais e a esposa. Os diálogos tratam da criação de novas contas em sites de apostas, uso de CPFs de terceiros e até de boletos pagos pela própria mãe. O grupo teria feito 14 apostas com 13 contas diferentes, sendo que seis delas foram criadas na véspera do jogo.
Em outra troca, um mês após o confronto, Wander cobra Bruno Henrique por um valor que teria apostado, dizendo que o dinheiro ainda estava “preso” na plataforma. Ele também pede um empréstimo ao jogador.
Diante das provas, Bruno e o irmão foram indiciados por fraude em competição esportiva e estelionato. A pena prevista pode chegar a 6 anos de prisão. Outros membros do grupo foram indiciados apenas por estelionato.
Agora, cabe ao Ministério Público decidir se irá apresentar denúncia à Justiça. Caso isso aconteça, os indiciados se tornarão réus. Já no campo esportivo, a documentação será avaliada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva, que poderá suspender o jogador.
Enquanto isso, Bruno Henrique segue atuando normalmente. Em nota, sua defesa afirma que o atleta é respeitado por sua postura ética e que nunca participou de esquemas ilegais. O Flamengo, por sua vez, declarou que aguarda o desfecho das investigações e reforçou seu compromisso com a integridade no esporte.