Brasil enfrenta nova crise hídrica e seca avança sobre o Pantanal e Centro-Sul

O Brasil já soma quase 2 mil cidades em situação de seca neste início de 2025, e especialistas alertam para um agravamento preocupante no Pantanal. Após a pior seca da história registrada no ano passado, a estação chuvosa mais recente trouxe pouca trégua: as chuvas vieram de forma irregular, amenizando os impactos no Norte, mas transferindo a crise para o Centro-Sul, onde os riscos agora se concentram.

De acordo com o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais), o país vive uma transição preocupante no cenário climático. Regiões antes críticas, como a Amazônia, enfrentam agora cheias, enquanto o Centro-Sul se prepara para uma temporada de estiagem que pode ser devastadora.

A especialista Ana Paula Cunha explica que o problema se agravou com o baixo volume de chuvas durante a estação chuvosa, encerrada em março. Antes dela, o Brasil contabilizava quase 3 mil municípios em diferentes níveis de seca.

Mesmo com leve redução, o número atual de cidades em alerta continua alto e indica vulnerabilidade, especialmente em áreas que já sofriam com déficits hídricos acumulados desde 2023.

Os impactos mais imediatos incluem longos períodos sem precipitação, risco de colapso em bacias hidrográficas que abastecem o setor elétrico — como a do rio Paraguai — e aumento significativo no potencial de incêndios, especialmente no Pantanal.

Esse bioma, o segundo mais seco desde 1985, teve um 2024 marcado por queimadas catastróficas, alimentadas pela estiagem severa e ações humanas. A situação do rio Paraguai, que atravessa a região, é classificada como “extremamente crítica”, com níveis 40% abaixo da média histórica, especialmente nas estações de Ladário e Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, chegou a declarar que, caso esse cenário se mantenha, o Pantanal corre o risco de desaparecer. Para tentar conter a crise, o governo federal assinou uma portaria de emergência ambiental ainda em fevereiro deste ano, prevendo reforço nas ações de prevenção a incêndios.

A Bahia também entra no radar dos especialistas. O estado foi o primeiro no país a registrar ocorrência de clima árido, uma condição ainda mais severa que a seca tradicional. Com chuvas muito abaixo do esperado, pesquisadores alertam para um agravamento drástico da estiagem.

Outro ponto crítico é a bacia do rio Paraná. A área entre as usinas de Porto Primavera (SP) e Itaipu (PR) segue com volumes extremamente baixos, afetando diretamente a geração de energia. Em 2024, foram seis quebras de recorde de menor vazão, e os dados de março deste ano confirmam a continuidade do colapso hídrico.

Com cerca de 1 milhão de km² sob alerta, os especialistas concordam: a seca em 2025 será desafiadora, e seus efeitos já se fazem sentir antes mesmo do auge da estação seca.