Um relatório técnico da Polícia Rodoviária Federal (PRF) revelou detalhes do acidente que matou 39 pessoas em Minas Gerais no final de 2024. Segundo a investigação, fatores como excesso de peso, velocidade acima do permitido e a falta de descanso adequado do motorista da carreta contribuíram para a tragédia. As informações foram divulgadas com exclusividade pelo Fantástico.
Causas do acidente e irregularidades na carreta
O acidente ocorreu na madrugada do dia 21 de dezembro na BR-116, em Teófilo Otoni, no leste de Minas Gerais. A carreta, que transportava pedras de quartzito, perdeu parte da carga, atingindo um ônibus de passageiros e outros três veículos. Além das 39 mortes, 11 pessoas ficaram feridas.
O Fantástico teve acesso ao laudo da PRF, que apontou que a carreta carregava 16 toneladas e 261 quilos além do peso máximo permitido. Para suportar a carga excessiva, um reforço foi instalado de forma irregular na suspensão do veículo. O relatório também destacou falhas nas travas de segurança do semirreboque e a ausência de identificação do fabricante em alças e correntes, o que impossibilitou verificar a conformidade dos equipamentos.
Imagens da perícia mostram o momento exato em que o semirreboque traseiro da carreta começa a tombar durante uma curva. Uma caminhonete conseguiu escapar por pouco, mas o ônibus foi atingido diretamente, seguido de uma colisão em cadeia envolvendo outros carros.
Velocidade excessiva e falhas do motorista
A perícia constatou que a carreta trafegava a 117 km/h em determinados trechos da viagem, bem acima do limite permitido de 80 km/h para o tipo de carga transportada. Pouco antes do acidente, o veículo ainda estava a cerca de 93 km/h.
O comportamento do motorista, Arilton Bastos Alves, também foi apontado como um fator agravante. Segundo a PRF, ele não respeitou o tempo de descanso obrigatório durante a viagem, que começou em Santana do Acaraú, no Ceará, e tinha como destino final a cidade de Barra de São Francisco, no Espírito Santo.
Após o acidente, Arilton fugiu do local sem prestar socorro às vítimas, apresentando-se à Polícia Civil apenas dois dias depois. Exames toxicológicos revelaram que ele dirigia sob efeito de ansiolíticos, antidepressivos, álcool, cocaína e ecstasy no momento da tragédia. Com base nessas informações, a Justiça decretou sua prisão preventiva.
A defesa de Arilton nega que ele estivesse sob efeito de substâncias ilícitas e afirma que o motorista não ultrapassou o limite de velocidade. A empresa responsável pela carreta, HMA Logística e Transportes Limitada, não foi localizada para comentar o caso.