Dos R$ 6,15 aos R$ 5,75: como o dólar enfileirou quedas em 2025

Photo of author

By LatAm Reports Redatores da Equipe

A disparada do dólar no final de 2024 deu lugar a uma sequência de quedas no início deste ano. A moeda norte-americana, que começou 2025 cotada a R$ 6,16, caiu para R$ 5,77 no fechamento desta terça-feira, 4, acumulando uma desvalorização de 6,76% no período. Esse movimento tem sido influenciado por diversos fatores da economia global e nacional, com destaque para a postura tarifária menos agressiva de Donald Trump, o cenário de juros elevados no Brasil, a diminuição das tensões internas e a redução do risco geopolítico.

A postura econômica do governo norte-americano teve um impacto significativo nesse recuo. Durante a campanha eleitoral, Trump prometeu tarifas de até 60% sobre produtos chineses e taxas de 25% para México e Canadá, medidas que poderiam fortalecer o dólar devido a possíveis pressões inflacionárias nos Estados Unidos. No entanto, após sua posse, a aplicação dessas tarifas tem sido mais branda do que o esperado. A taxa sobre produtos chineses, por exemplo, foi fixada em 10%, bem abaixo das projeções iniciais. Além disso, as tarifas sobre México e Canadá foram suspensas temporariamente, após negociações entre os países. Essa mudança de tom reduziu o temor de uma guerra comercial, beneficiando moedas de países emergentes, como o real.

Impacto na queda do dólar

Outro fator que tem sustentado a valorização do real frente ao dólar é a taxa básica de juros no Brasil. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a Selic para 13,25% ao ano, tornando os títulos públicos brasileiros mais atrativos para investidores estrangeiros. Esse diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos favorece a entrada de capital externo, o que fortalece a moeda brasileira.

A diminuição do estresse doméstico também ajudou a impulsionar o real. No final de 2024, a proposta de corte de gastos do governo brasileiro gerou frustração no mercado, provocando um aumento da cotação do dólar. Poré, com o cenário político mais estável e os dados fiscais dentro das previsões, a pressão sobre a moeda norte-americana diminuiu.

No cenário internacional, a redução do risco geopolítico também contribuiu para o enfraquecimento do dólar. O acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas, assinado em janeiro, reduziu parte das tensões no Oriente Médio. Além disso, conversas diplomáticas entre os Estados Unidos e a Rússia sinalizaram uma possível trégua na guerra da Ucrânia, o que aliviou temores no mercado global.

Soma desses fatores indica uma tendência de estabilização do câmbio, mas a trajetória do dólar ao longo do ano ainda dependerá de novos desdobramentos na política econômica dos Estados Unidos e das decisões do Banco Central brasileiro.