A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que representa cerca de 25 montadoras americanas, europeias, japonesas e sul-coreanas no Brasil, solicitou ao governo uma investigação sobre práticas de dumping das chinesas BYD e Great Wall Motors. A entidade defende a imposição de tarifas para evitar concorrência desleal no setor.
O presidente da Anfavea, Marcio de Lima Leite, afirmou que um estudo foi encomendado para analisar o impacto da comercialização de veículos chineses a preços abaixo do custo. O objetivo é proteger fabricantes, concessionárias, trabalhadores e a indústria de autopeças no país. Além dos automóveis de passeio, a entidade pretende incluir caminhões, ônibus e máquinas agrícolas na investigação.
Impacto no setor automotivo chines
A presença das fabricantes chinesas no Brasil cresceu significativamente nos últimos anos. Em 2024, a venda de veículos elétricos e híbridos no país alcançou 178 mil unidades, um aumento de 89% em relação ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico. BYD e GWM representaram 60% desse mercado.
Apesar do crescimento, as montadoras chinesas enfrentam resistência de concorrentes. O argumento principal é que as empresas recebem subsídios do governo chinês e praticam preços artificialmente baixos para ganhar mercado. A União Europeia já adotou medidas similares, aplicando tarifas entre 17% e 35,3% sobre veículos elétricos chineses.
Possível resposta do governo brasileiro
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, liderado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, informou que ainda não recebeu um pedido formal da Anfavea para investigar dumping. Caso a prática seja confirmada, a decisão sobre tarifas será tomada por um comitê interministerial.
A BYD negou as acusações e afirmou que sua atuação no Brasil segue as normas de mercado. Já a Great Wall Motors declarou que cumpre as regras internacionais e a legislação comercial brasileira.
A possível adoção de tarifas contra montadoras chinesas reacende o debate sobre competitividade e proteção da indústria automotiva no Brasil, especialmente em um momento de transição para veículos elétricos e híbridos.