Autoridades brasileiras exigiram que agentes dos Estados Unidos removessem as algemas de um grupo de deportados que chegaram ao Brasil na sexta-feira (25). O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, classificou a prática como um “desrespeito flagrante” aos direitos dos cidadãos brasileiros.
A Polícia Federal, seguindo as instruções do Ministério da Justiça, encontrou a aeronave após um pouso não programado na cidade amazônica de Manaus, causado por problemas técnicos. Segundo um comunicado do governo brasileiro divulgado no sábado (26), o avião transportava 88 passageiros brasileiros, 16 agentes de segurança dos EUA e oito tripulantes. O voo deveria originalmente chegar a Belo Horizonte, em Minas Gerais.
As algemas foram retiradas após a intervenção da Polícia Federal. Após ser informado sobre o caso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ordenou que os passageiros fossem levados ao destino final em uma aeronave da Força Aérea Brasileira, garantindo que completassem a viagem com “dignidade e segurança”, conforme informou o Ministério da Justiça.
Polêmica em torno das deportações
O voo foi o segundo do ano a transportar imigrantes deportados dos EUA para o Brasil e o primeiro desde a posse do presidente Donald Trump na segunda-feira (20), segundo informações do Ministério da Justiça e da Polícia Federal.
A administração Trump tem endurecido as políticas imigratórias, com o presidente republicano prometendo intensificar as deportações em massa de imigrantes indocumentados nos Estados Unidos.
O uso de algemas e outros métodos de contenção em voos de deportação tem gerado controvérsia no Brasil. O ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Trump, também se posicionou contra a prática, destacando que medidas mais humanizadas deveriam ser adotadas no transporte de deportados.
Além da questão humanitária, o episódio levanta preocupações sobre o impacto das políticas migratórias dos EUA na América Latina. O Brasil tem recebido um número crescente de imigrantes deportados nos últimos anos, o que exige maior cooperação entre os governos para garantir que os direitos dos cidadãos sejam respeitados.
Até o momento, o Departamento de Segurança Interna dos EUA e o Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos Estados Unidos (ICE) não responderam aos pedidos de comentário sobre o incidente.