Uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro revelou um esquema criminoso de produção e venda de anabolizantes clandestinos, levando à prisão 15 pessoas envolvidas na quadrilha. A investigação mostrou que os produtos eram fabricados em condições insalubres e continham substâncias nocivas à saúde, incluindo benzoato de benzila, um composto utilizado para tratar sarna e repelir insetos, que pode ser tóxico quando injetado no organismo.
Os anabolizantes eram produzidos sem qualquer autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em locais sem higiene adequada. Segundo a delegada Iasminy Vergetti, da Polícia Civil do Rio de Janeiro, os produtos eram altamente perigosos e poderiam causar intoxicação grave nos usuários.
Conversas interceptadas pela polícia revelaram instruções detalhadas para a fabricação dos produtos. Em uma das mensagens, um dos envolvidos orienta sobre o uso do benzoato de benzila, descrevendo como aquecer a substância até que ela adquirisse uma cor semelhante à gasolina alaranjada.
O gastroenterologista Alberto Farias alerta para os riscos do consumo desses produtos adulterados. “A utilização de anabolizantes de origem duvidosa pode trazer vários problemas para o organismo, principalmente para o fígado. Com o tempo, esses produtos podem provocar tumores hepáticos e outras complicações graves”, explicou.
Prisão dos envolvidos e ligação com influenciadores digitais
O líder da organização criminosa, Miguel Barbosa de Souza Costa Júnior, foi preso em sua casa, na cidade de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Outros 14 membros do grupo também foram detidos durante a operação.
Além do tráfico de anabolizantes, a quadrilha é investigada por lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e crimes financeiros. A polícia também busca identificar a rede de influenciadores digitais pagos para divulgar os produtos clandestinos.
Os anabolizantes são substâncias sintéticas derivadas da testosterona, utilizadas legalmente para tratamentos médicos específicos. No entanto, o Conselho Federal de Medicina proibiu sua prescrição para ganhos estéticos ou de rendimento esportivo.
Apesar da proibição, o mercado clandestino continua crescendo, colocando em risco a saúde de milhares de pessoas que consomem essas substâncias sem controle médico. “Os anabolizantes vendidos ilegalmente podem conter substâncias altamente tóxicas e levar a danos irreversíveis ao organismo”, reforçou o médico Alberto Farias.
As investigações continuam para identificar outros envolvidos na distribuição dos produtos ilegais e possíveis conexões com redes de academias e comércio online.